Enchentes do coração

O Rio de Janeiro transbordou, as pessoas perderam muitas coisas, móveis, roupas e a dignidade. A chuva caiu impiedosa, não perdoou, veio torrencial e as pessoas choraram. Mas vi alguém dizer algo em um programa de televisão, que perdeu tudo:

“Só me sobrou a casa, mas temos que continuar, não é?” Isso me tocou bastante e pensei nos males do coração, do amor que se dedica a pessoas que depois não valorizam, debocham e depois que estão bem, desprezam o ser amado.

Podem ser amores carnais, amores filiais, amizades que muito acreditamos e de repente, vimos que toda a atenção que dedicamos, toda a compreensão, sacrifícios, nada valeram. Dói à alma, sentimo-nos traídos, enganados, ludibriados.

Como pode fazer isso? Então, passamos da dor para a raiva, engolimos a humilhação e vem o sentimento de vingança. Mas será que vale a pena? Será que se consumir, ficar com sentimentos de raiva adianta? Não adianta nada.

A outra pessoa está rindo, feliz, com outras pessoas e não está nem aí! Só vai conseguir rugas, deixar de comer, fumar maços e maços de cigarros ou beber. Só se prejudica. Tem que se esvaziar o coração.

Deixar que a enchente de turbilhões saia, escoar e dizer como a moça da enchente “mas temos que continuar não é?” Sim, a vida segue, enfrentemos a dor, com o resgate do amor próprio, entender que com o que passamos, nos tornou mais fortes, mais sábios e corajosos, pois passamos pela enchente do coração que sujou, sufocou, nos fez perder aquilo que conquistamos. Não foi por culpa nossa ou foi? Será? Nem sempre.

Façamos um inventário das nossas atitudes, mas depois, é só utilizar o aprendizado, parar de sofrer e seguir adiante. Não importa o que acreditemos, o importante é acreditarmos em nós mesmos, resgatar a nossa autoestima e seguir, seguir, e saber que as estrelas brilham no céu, que somos maravilhosos, que nada nem ninguém vai nos atingir com mesquinharias, pois estamos em harmonia com o Universo e que se tivéssemos que fazer tudo novamente, faríamos, pois o amor, a bondade, o esforço que fizemos por outrem, só nos fez crescer.

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