Pequeno manual de viagem

Eu não conheço tantos lugares assim. Não viajei para todos os países que queria e, como a cada ano descubro novos destinos de sonho, estou longe de conseguir. Já me meti em muitas ciladas de viagem e peno bastante para encher meu porquinho de moedas e financiar minhas próximas partidas.

Ou seja, não sou nem de longe uma especialista. Sou só alguém que, como tantos outros, ama viajar. E alguém que entre saguões de aeroporto, malas apertadas, rodoviárias desconhecidas e confusões linguísticas, aprendeu algumas coisas. Portanto, deixo aqui minha pequena lista de conselhos, que podem se provar surpreendentemente úteis.

Primeiro: abra os olhos para o mundo. Deixe de lado preconceitos, clichês, conselhos rabugentos. Só se conhece o mundo quando se está disposto a conhecê-lo, por inteiro e até onde der. Ou seja, sabe aquelas listas de “lugares que você precisa conhecer”? São legais, úteis, mas não são, nem de longe, as únicas opções de destino.

Segundo: deixe a arrogância fora da mala. Para qualquer lugar que você vá, vai ter alguém mais viajado do que você, mais inteligente do que você, mais divertido do que você. E quando conhecer alguém assim, faça dele seu melhor amigo, admire e aprenda com suas qualidades. E perceba o quanto você pode aprender por simplesmente conviver próximo de gente que é um bom exemplo.

Terceiro: se apaixone pelo lugar antes de ir. Veja fotos, leia livros, ouça histórias. Conheça as ruas, a cultura, o povo. E prepare-se para ser surpreendido por tudo assim que chegar lá. Deixe espaço para o improviso, mas crie amor por qualquer lugar que você vá. Da forma que puder.  

Quarto: escute sua mãe e leve um casaco. Seja ao visitar o semiárido em pleno verão, sempre leve um casaco. Aproveite e também leve uma bermuda, chinelos de dedos e uma garrafinha de água. A meteorologia não é uma ciência exata, por mais que tente se convencer disso e hidratação é peça chave para uma viagem feliz.

Quinto: conheça o seu próprio país. É claro, não como obrigação, antes de desbravar novos países e continentes, mas só como um lembrete. Viaje para longe e conheça costumes e locais completamente diferentes. Mas quando der, dê uma volta pela sua própria casa. E descubra como ela pode ser estrangeira aos seus olhos naquele canto no qual você nunca foi.

Sexto: tenha um porquinho de moedas. Ou um jarro, ou uma poupança. Faça uma economia, ainda que pequena, para investir em viajar. Quando a oportunidade perfeita para a viagem dos sonhos surgir, você não vai querer estar sem um tostão e ter que se endividar com aquela tia rica pelas próximas décadas. Ou, o que é pior, se você não tem uma tia rica ou ainda não pagou a última dívida, ter de desistir de ir.

Sétimo: não tenha medo de se aventurar. O mundo é grande, louco e cheio de coisas assustadoras. Mas se você não correr riscos, vai perder toda a diversão. Com uma boa dose de bom senso e uma maior ainda de coragem, não há destino que não possa ser explorado. E que vai provar ser nem tão assustador assim.

 

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