Quando não fazer nada é o melhor a fazer

Eu estava assistindo ao seriado “The Crown”, da Netflix, que conta a história da família real britânica – que aliás, recomendo demais –, quando vi uma cena da rainha Elizabeth jovem pedindo conselhos à então rainha-mãe – sua avó –, que estava no leito de morte. Existia uma situação complicada que ela precisaria decidir, mas ela tinha sido aconselhada a não decidir nada e simplesmente deixar passar. Ela conta, revoltada, sobre o conselho à sua avó, que concorda com o conselho e diz: “Às vezes, não fazer nada é a coisa mais difícil que você vai fazer”.

Achei que uma profundidade ímpar essa frase. Estamos vivendo a era das ações, do levantar-se e fazer. A era os conselhos na internet – os bons e os maus –, que sempre te mandam resolver. Resolva seu excesso de peso, seu excesso de trabalho. Resolva a situação no seu relacionamento, e, se ele não quiser mais, vá embora. Resolva. Resolva. Resolva. A tal da proatividade.

Sim, concordo que fazer coisas é legal. Mas, e quando uma situação precisa de tempo, de calma e de espaço? Como fazer?

Mulher branca de olhos fechados com cabelos ao vento.

Atendo muitas mulheres desesperadas com seus relacionamentos. Querendo que ele assuma, que ele faça algo, que ele diga que ama. E se as coisas não saem como elas querem, se o boy em questão precisa mesmo de tempo e espaço, o conselho é sempre o mesmo. Vá embora. Caia fora. Faça alguma coisa.

Quando terminam a relação, então, é um tal de “Some, que ele vem atrás”, “Vai pra balada com as amigas e mostra nas redes sociais” e um monte de ações que, na verdade, são só reações sem sentido nenhum. No final, algo que até tinha uma chance de funcionar, simplesmente não acontece.

E isso é bem válido para as mulheres. Se pensarmos que o feminino é mais receptivo, que é mais de cuidado e nutrição, e que – em geral – os homens precisam de tempo em suas cavernas às vezes, o polo se inverte. Em vez de dar esse tempo, a mulher sai sendo agressiva, fazendo coisas que o atinjam, e só causam mais estrago. Principalmente falando de amor, não fazer nada é a coisa mais difícil que devemos fazer.

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Aprender a esperar e a ouvir a própria intuição e os próprios conselhos é o mais adequado. Pare. Respire. Vá cuidar de você e da sua vida e deixe que o outro resolva – para o bem ou para o mal. Uma falta de resposta também é uma resposta. Uma falta de contato é um “me deixa em paz”. Às vezes, pegar a nossa dignidade e sair de fininho é o máximo que devemos fazer. E se, um dia ele quiser uma conversa, podemos pensar se vamos ou não dar uma chance.

Calma e parcimônia também servem para as outras áreas da vida. Simplesmente pense se o melhor não é não fazer nada.

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