Sabugueiro: significado, propriedades e benefícios

Milenar, simbólica e poderosa — assim é a planta popularmente chamada de sabugueiro e que se refere a várias espécies do gênero botânico Sambucus, que ocorre em praticamente todo o globo terrestre. A espécie Sambucus nigra, por exemplo, é natural da Europa e do Norte da África — e aqui no país é também chamada de sabugueiro-da-europa e sabugueiro-negro.

No Brasil, porém, a espécie nativa é a Sambucus australis, popularmente conhecida como sabugueiro-do-brasil, sabugueiro-do-rio-grande, amigo-do-peito, mata-febre e acapora, sendo por vezes confundida com a espécie Sambucus nigra.

Com flores geralmente brancas, belíssimas e delicadas, dispostas em cachos volumosos, a planta sabugueiro pertence à família botânica Adoxaceae. Além de ornamental, é muito utilizada na medicina popular, motivo pelo qual é uma das mais pesquisadas no país e no mundo.

Inclusive, a planta sabugueiro é de interesse do Ministério da Saúde, reconhecida como capaz de trazer bem-estar físico e mental. É significativa para diversas culturas e se tornou mundialmente conhecida e famosa por intermédio da saga Harry Potter.

Nesta narrativa, junto com a Capa da Invisibilidade e com a Pedra da Ressurreição (Pedra Filosofal), a Varinha de Sabugueiro compõe as Relíquias da Morte, que conferem grande poder àquele que as possuir, pois passa a ser o Senhor da Morte.

Conheça mais sobre o sabugueiro:

Isso porque a varinha de sabugueiro, no universo da bruxaria criado por J. K. Rowling, é incomum, inquebrável e invencível, já mostrando o quanto esta planta é lendária. Mas o poder dela extrapola a ficção! Descubra na sequência do artigo.

O que é sabugueiro?

O sabugueiro (Sambucus australis) é nativo da América do Sul, de países como Peru, Bolívia, Uruguai, Argentina e Brasil, onde está presente principalmente nas regiões Sudeste e Sul, sob clima subtropical e adaptado a altitudes de até 1.400 metros. Cresce nos biomas de Mata Atlântica e Pampa, em diferentes tipos de solo, especialmente aqueles mais ricos.

É uma planta chamada por alguns pelo nome popular acapora, que tem origem no idioma guarani e significa “erva ou folha contra bolhas”, identificando um dos usos medicinais atribuídos a ela pelos indígenas sul-americanos no tratamento de catapora (varicela).

Quanto ao nome científico Sambucus australis, ele é formado pela palavra latina “sambucus”, derivada do grego “sambuque” (“flauta”) e pelo termo latino “australis”, que significa “vindo do sul” e que faz alusão à cor branca (“neve”) das flores, bem como ao fato de esta espécie ter origem no Hemisfério Sul.

O sabugueiro é um arbusto perene, que atinge de 2 a 4 metros de altura e pode chegar a 8 metros, embora isso seja bastante raro. Possui copa baixa, larga e irregular.

O pé de sabugueiro desta espécie apresenta tronco tortuoso de coloração cinza-prateada, com casca fissurada por rachaduras verticais. É ramificado e mede de 5 a 15 cm de diâmetro.

As folhas do sabugueiro saem de pecíolos e têm margem serreada. Elas são opostas, compostas por até 7 folíolos (sempre em número ímpar) ovalados-lanceolados, assimétricos, com nervuras visíveis, sem pilosidade e que medem de 3,5 a 9,5 cm de comprimento por 1,5 a 2,5 cm de largura.

Cada folha de sabugueiro tem cerca de 15 a 35 cm de comprimento; quando uma lâmina (folíolo) é amassada, ela exala odor desagradável.

As inflorescências são corimbosas (em cachos semelhantes a guarda-chuvas abertos) e terminais. Medem de 15 a 30 cm de diâmetro e possuem centenas de pequenas flores unissexuais, de cor branca a creme, muito aromáticas (perfume semelhante ao mel). Elas desabrocham no outono e atraem moscas, vespas, abelhas e formigas, que promovem a polinização.

Cada flor de sabugueiro tem 4 ou 5 pétalas lanceoladas que podem dar origem a um fruto brilhante, vermelho-escuro, quando imaturo, mas que se torna roxo-escuro, quase preto, quando amadurece.

Cada fruto do sabugueiro é do tipo drupa (carnoso), com forma ovalada ou globosa, medindo cerca de 6 a 7,5 mm de diâmetro e de sabor agridoce. Contém de 3 a 5 sementes ovais e pardas que são dispersas no ambiente por intermédio de sabiás, bem-te-vis, sanhaços e outros pássaros que se alimentam dos frutos.

O sabugueiro árvore é visto nas calçadas urbanas de algumas cidades, pois apresenta raízes que permanecem próximas à superfície, mas não se sobressaem, estragando o piso. Também tende a ser mais baixo e geralmente não atinge a fiação. Além disso, é vistoso e perfumado.

Em alguns lugares do mundo, as flores de sabugueiro são consumidas como alimento. Porém esta planta é mais popularmente conhecida para fins ornamentais, medicinais e espirituais.

Propriedades do sabugueiro

Sabugueiro

A planta sabugueiro, principalmente da espécie Sambucus nigra, chamada popularmente de ancião negro, é conhecida por sua utilidade medicinal há milhares de anos. É cultivada no mundo todo, inclusive no Brasil, sendo muitas vezes considerada sinônima da Sambucus australis.

Aliás, o Sambucus australis tem uso na medicina caseira como diurético, sudorífico, anti-inflamatório, laxante, expectorante, para baixar a febre e para tratar doenças do sistema respiratório, como resfriados, tosses, rouquidão e laringite.

Também tem indicação para cicatrizar ulcerações da pele, como aquelas provocadas pela varicela. É conhecido no tratamento popular de sarampo, rubéola, varíola e escarlatina. É indicado para aplacar dores musculares, artríticas, nevrálgicas, reumáticas, dentárias, de ouvido e de cabeça e ainda como galactagogo (auxilia na produção de leite materno).

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda a planta para tratar gripes e resfriados, em razão de comprovada ação anti-inflamatória. Além disso, diversas pesquisas científicas identificaram compostos bioquímicos importantes para a manutenção da saúde física e mental.

A planta sabugueiro contém triterpenos (ácido ursólico e ácido oleanólico, por exemplo), aminoácidos, carotenóides e pigmentos orgânicos. É rica em vitaminas, entre elas A, B e C, fibras, flavonoides (eldrina, rutina, quercetina), óleos essenciais, pectina, taninos e mucilagem.

Ainda, é fonte de ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido cítrico, ácido málico e ácido tartárico. Contém esteroides, alcaloides (como a sambunigrina e a sambucina), açúcares redutores, colina e antocianosídeos. Apresenta sais minerais como cálcio, zinco, potássio e ferro.

As folhas de sabugueiro apresentam ácidos graxos, entre eles palmítico, linoleico, araquidônico e vacênico.

Por conter estes compostos químicos, o sabugueiro demonstra atividade antioxidante, anti-inflamatória, antipirética, antisséptica, antibacteriana, diurética e analgésica, apoiando diversas funções do organismo e promovendo o tratamento de algumas enfermidades, além de atuar na prevenção a doenças graves.

Tipos de sabugueiro

O sabugueiro faz parte do gênero Sambucus, com cerca de 122 espécies, sendo a Sambucus nigra a mais comum no mundo. Faz parte da família botânica Adoxaceae, a mesma das madressilvas.

A Sambucus australis é uma das espécies de grande importância etnobotânica no país. Tem uso ornamental, medicinal e, em algumas localidades, também alimentício. Outras espécies e subespécies do gênero são igualmente relevantes. Veja a seguir:

1 — Sambucus adnata — Encontrada em encostas de montanhas, florestas, pastagens alpinas, beiras de riachos e em áreas perturbadas, esta espécie é nativa desde o Himalaia até as montanhas do oeste da China. É uma planta subarbustiva, crescendo até 2 metros de altura. Apresenta botões florais avermelhados que, ao desabrocharem, tornam-se rosados ou brancos. Os frutos são laranjas ou vermelhos.

2 — Sambucus australasica — Também conhecida como sabugueiro amarelo, esta espécie é endêmica no leste da Austrália. É um arbusto de pequeno porte, com flores brancas de três pétalas e frutos amarelos, ocorrendo nas bordas de florestas tropicais.

3 — Sambucus callicarpa — Chamada popularmente de sabugueiro vermelho, esta espécie cresce na Costa Oeste dos Estados Unidos, no Canadá, no Japão e no México. É utilizada na fabricação de corantes, tintas e remédios. Apresenta flores brancas e frutos em vermelho-vivo. Acredita-se que protege contra raios e todo o tipo de mal.

4 — Sambucus canadensis — Espécie nativa da América do Norte e da América do Sul, indo do leste das Montanhas Rochosas até o sul da Bolívia. Cresce em condições diversas, em solos secos ou úmidos e em locais ensolarados. É também chamada de sabugueiro preto americano, sabugueiro do Canadá e sabugueiro comum. Apresenta flores brancas e frutos roxos-escuros quase pretos. É uma subespécie da Sambucus nigra.

5 — Sambucus cerulea — Espécie que pode crescer até 9 metros de altura e chegar a 6 metros de diâmetro. É chamada de sabugueiro azul, sendo nativa do oeste dos Estados Unidos, da Colúmbia Britânica e do noroeste do México. Ocorre na costa do Pacífico, na Califórnia, em Montana, no Wyoming, no Texas e em Oklahoma. Pode ser encontrada em altitudes inferiores a 3.000 metros. Apresenta flores brancas ou em cor creme e frutos preto-azulados, com uma camada de pó branco-acinzentado, que a distingue de outras espécies, assim como o fato de cada fruto conter uma única semente.

6 — Sambucus ebulus — Comumente chamada de sabugueirinho, engos e erva-de-são-cristovão (nome popular também dado à Actaea racemosa), é nativa do centro e do sul da Europa e do sudoeste da Ásia. Cresce até 2 metros de altura, com caules eretos e sem ramificação. Apresenta flores brancas, eventualmente rosadas, com filetes brancos e anteras cor-de-vinho. Os frutos têm coloração roxa-escura, quase preta.

7 — Sambucus javanica — Conhecida como sabugueiro-chinês, é nativa da Ásia tropical e subtropical. Atinge 2 metros de altura e apresenta flores brancas, com filetes brancos e anteras cor-de-vinho. É usada como planta medicinal laxante, diurética e para purificar o sangue. Ainda, atua contra dormência, espasmos, para a saúde circulatória e como veneno.

8 — Sambucus lanceolata — Com nome popular de sabugueiro-madeirense e sabugueiro-da-Madeira, esta espécie é endêmica na Ilha da Madeira, em Portugal. Cresce até 7 metros de altura, em clima temperado e à beira de rios. Apresenta flores brancas pouco aromáticas e frutos de cor amarela. Tem uso medicinal como diurético, sudorífico e emoliente. Também é empregada na marcenaria.

Aprenda três rituais com flores para atrair positividade

9 — Sambucus nigra — Simplesmente chamada de sabugueiro, ancião, ancião europeu, ancião negro, ancião comum, árvore de cachimbo e árvore de furo, é nativa da Europa e do Norte da África. É ornamental, medicinal e os frutos roxos muito escuros são comestíveis em geleias e doces e empregados em bebidas. É cultivada no centro e no leste da Europa.

10 — Sambucus palmensis — Também chamada de sauco-canário, esta espécie é nativa das Ilhas Canárias. Ocorre na Noruega e na Espanha, desenvolvendo-se sob climas temperados. Apresenta flores brancas e comprovada atividade antinociceptiva periférica e anti-inflamatória moderada, confirmando a indicação da medicina popular no uso desta planta para aplacar dores e conter inflamações.

11 — Sambucus peruviana — Conhecida como sabugueiro-peruano, é nativa na Costa Rica, no Panamá e desce dos Andes até o noroeste da Argentina. Cresce em altitudes entre 2.800 e 3.900 metros. No idioma quéchua (Peru, Bolívia e Equador), a planta é chamada de r’ayan. Os frutos são utilizados em compotas, vinhos e bebidas. Tem uso medicinal e a madeira é empregada na construção civil, para a fabricação de ferramentas e na confecção de flautas.

12 — Sambucus pubens — Popularmente chamada de sabugueiro-americano e sabugueiro de bagas vermelhas, esta espécie é nativa da América do Norte. Apresenta flores brancas em cachos abertos. Os frutos de coloração vermelha são uma importante fonte de alimento para os pássaros, mas têm sabor amargo.

13 — Sambucus racemosa — Conhecida como sabugueiro vermelho e sabugueiro de bagas vermelhas, é nativa de áreas úmidas e clima temperado da Europa, do norte da Ásia, da América do Norte e do Canadá. Apresenta botões florais rosados e flores brancas, amareladas ou em cor creme, muito aromáticas. É ornamental, medicinal e os frutos em vermelho-vivo, depois de cozidos, podem ser consumidos como alimento.

14 — Sambucus sieboldiana — Esta espécie é nativa do leste da Ásia. É chamada de ancião vermelho japonês. Apresenta flores brancas ou em cor creme, com miolo de magenta a vinho e frutos em vermelho-vivo. Cresce até 4 metros de altura, em baixas elevações, bordas de florestas e matagais.

15 — Sambucus velutina — Esta espécie pode atingir até 8 metros de altura, sendo nativa da região sudoeste dos Estados Unidos. Popularmente chamada de sabugueiro de veludo, apresenta tronco de 30 a 60 cm de diâmetro, flores brancas e frutos em roxo-escuro, quase preto.

16 — Sambucus williamsii — Espécie nativa da Coreia, do Japão, da China e da Sibéria, ocorre também na Rússia, na Mongólia, na Estônia, na Letônia, na Noruega, na Suécia e na Bélgica. Tolera o vento, a poluição do ar e temperaturas abaixo de 18 graus Celsius. Cresce em solos úmidos. Atinge de 5 a 6 metros de altura e apresenta flores brancas ou em cor creme muito pálido, além de frutos vermelhos.

Para que serve o sabugueiro

Frutos do Sabugueiro

Se você está se perguntando sobre o sabugueiro para que serve, neste tópico vai perceber que se trata de uma planta que auxilia pessoas e outros seres vivos de diversas formas.

A beleza arbustiva, dos cachos florais, dos frutos e da folhagem fazem do sabugueiro uma planta cultivada como recurso paisagístico em jardins, parques e calçamentos urbanos, que favorece a sobrevivência de insetos polinizadores e de pássaros. Próxima a áreas agrícolas, protege outras plantas da ação de insetos e de pássaros.

Além disso, quando cultivado em vasos, o sabugueiro tende a crescer menos e oferece ornamentação de locais como varandas, pátios e saguões. Os ramos com inflorescência densa podem ser cortados, colocados em vasos e usados para decorar ambientes residenciais e comerciais. Eles também são empregados em cerimoniais e buquês de noivas.

O sabugueiro, em algumas comunidades ao redor do mundo, é empregado em preparações para consumo alimentar e na produção de vinhos e bebidas.

Mas esta planta milenar, com diversas espécies adaptadas e distribuídas por todo o globo terrestre, é conhecida por restabelecer a saúde e por prevenir doenças. É utilizada por diversas comunidades, inclusive aquelas que estão distantes de centros médicos.

Do ponto de vista da medicina popular, o sabugueiro serve para tratar alergias, catapora, sarampo, eczema, erupções cutâneas, coceiras e queimaduras. Também para aplacar dores artríticas, decorrentes de gota e de reumatismo.

Entenda o significado de sonhar com cemitério e túmulos

Foi usado e, em algumas sociedades, como a nossa, ainda continua sendo, para solucionar problemas respiratórios, como gripes, resfriados e tosses. Também para tratar sinusite e bronquite e para eliminar o catarro e conter a febre de origem desconhecida.

O sabugueiro tem algumas de suas partes empregadas em chás para resolver a irritação dos olhos e para prevenir e desfazer pedras nos rins, bem como para eliminar toxinas. Essas bebidas, em diferentes dosagens, também se destinam a proteger o estômago contra úlceras, induzir o vômito e agir como laxante, favorecendo o sistema digestivo.

De forma cientificamente comprovada, o sabugueiro, por conter vários agentes bioquímicos importantes para o organismo, é capaz de apoiar o tratamento de diversas enfermidades do sistema respiratório, digestivo e urinário. Protege e auxilia o sistema imune no combate a doenças e, por conter ação antioxidante, apoia as funções cardiovasculares.

Infusões com algumas partes da planta servem como calmante, sedativo, analgésico e anestésico, atuando no sistema nervoso. Porém, reconhecidamente pelos órgãos oficiais de saúde no país, a planta tem atividade anti-inflamatória, destinando-se ao uso contra alguns distúrbios do trato respiratório.

E mais do que na lendária e fictícia varinha de sabugueiro das Relíquias da Morte, a madeira obtida dos troncos da planta serve à construção civil e como lenha para algumas comunidades.

O sabugueiro também é uma planta cercada de simbologia e de significados espirituais. Está relacionado com a transformação, com o destino, com a morte e com o renascimento. É conhecido na Europa como a árvore da mulher sábia, que nos conecta com a Grande Deusa e com a Terra. Desperta a consciência e a reorganização de sentimentos, de valores e de atitudes. Auxilia a desenvolver uma nova percepção e a alcançar elevação, com o espírito retornando à própria origem.

Qual é o significado do sabugueiro

Assim como outras plantas e outros seres vivos, o sabugueiro possui energia, sendo capaz de emanar vibrações de conexão com a espiritualidade, de avaliação de princípios e de ampliação da consciência. Desperta alegria, confiança e esperança no poder divino, como provedor da vida.

A partir das características físicas e dos significados que foram atribuídos por diversas culturas mundiais ao longo do tempo, o sabugueiro é capaz de revelar aspectos da personalidade de uma pessoa que contribuem para que ela desenvolva seu autoconhecimento e identifique os pontos que podem ser mantidos e expressados, aqueles que precisam ser incorporados e outros que devem ser eliminados no processo de evolução na jornada da vida.

O sabugueiro, por meio de suas belas flores, revela uma pessoa de personalidade envolvente, atenciosa, dedicada e com capacidade de tomar decisões rápidas e assertivas. É alguém que age de modo inspirado, original e independente.

Quando uma pessoa está vivenciando um estado de agitação, apresentando comportamento desordenado ou obsessivo ou, ainda, mostrando-se nervosa, agressiva, desconcentrada e precipitada em seus julgamentos, deve contemplar um arbusto de sabugueiro, ainda que em imagens da internet.

Assim, visualizar detalhes da planta, como as folhas, os ramos, o tronco, as flores e os frutos, pode ajudar a perceber as próprias forças, seu poder pessoal e sua essência em conexão com o divino. Além disso, a pessoa deve aproveitar a oportunidade para se encantar com o próprio ritmo, com pequenas felicidades e com as possibilidades que a vida oferece.

Se estiver fisicamente diante de um sabugueiro, é possível se deixar envolver pelo perfume das flores e contemplar a generosidade da vida, que permite aos seres vivos aprender, se transformar e compartilhar o melhor de si.

O sabugueiro pode ajudar a recuperar o equilíbrio, enfrentar as adversidades com perseverança e fé. Ainda, a resgatar a confiança em dias melhores e na perfeição divina.

O sabugueiro na espiritualidade

Chá de sabugueiro

Desde tempos remotos, o ser humano busca na natureza uma maneira de se conectar ao divino e encontrar explicações para a própria existência, sendo que as plantas fazem parte deste contexto. As pessoas de diferentes regiões do planeta atribuem utilidade ornamental, alimentar, medicinal e espiritual a elas como uma forma de compreender que tudo tem um propósito e um valor.

Com base nisso, o significado do sabugueiro na espiritualidade fortalece o conceito integral de saúde, tornando a esfera metafísica um aspecto de evolução pessoal, mas também de promoção do bem-estar mental e, consequentemente, físico.

O sabugueiro, provavelmente da espécie Sambucus nigra, apareceu nos escritos de Hipócrates de 2.500 anos atrás, tendo sido muito utilizado como planta medicinal pelos gregos. Também era conhecido pelos cidadãos da Roma antiga e fez parte da farmacopeia do Egito antigo. Além disso, os povos pagãos acreditavam que ela possuía poderes mágicos.

Logo, os benefícios do sabugueiro na espiritualidade estão relacionados, antes de mais nada, à confiança e ao conforto das pessoas ao saberem que podem contar com esta planta para curar males físicos, psíquicos e relacionados à alma, para seguirem em busca da felicidade. Veja:

1 — O sabugueiro é uma planta energizante, que estimula a criatividade e purifica os ambientes e a aura das pessoas. Na umbanda, está associada a Obaluaê (orixá com o corpo coberto por ulcerações) e a Oxóssi (orixá da caça, do sustento e da fartura), sendo que folhas e flores são usadas em rituais de passagem dos médiuns. Além disso, flores e frutos são itens de oferendas a estes orixás.

2 — A planta sabugueiro é um arbusto associado às bruxas, especialmente às mais velhas ou às anciãs, fortalecendo a crença de que ela favorece o autoconhecimento e a sabedoria.

3 — Na mitologia nórdica, o sabugueiro está associado à vida, à bondade, à iluminação e à sabedoria da deusa-mãe, ou seja, às virtudes da divindade suprema, que devem ser buscadas pela Humanidade.

4 — A madeira do sabugueiro é oca e de fácil entalhe. Foi usada na fabricação de caixões e cruzes que adornavam sepulturas na Europa da Idade Média. Mas jamais era empregada na confecção de berços, pois se relacionavam à morte, ao oculto e à ruptura.

5 — Durante muito tempo, na Europa Medieval, era comum encontrar um pé de sabugueiro próximo aos povoados, uma vez que se acreditava que ele atraía espíritos benfeitores. Além disso, havia a crença de que, nas noites mais quentes de verão, este arbusto era o preferido das fadas, por possuírem flores alvas e luminosas.

6 — Há uma crença de que os empanados preparados com flores frescas de sabugueiro evitam discórdias na vida de um casal. Aliás, em algumas comunidades, eles são um prato típico do Dia de São João.

7 — Na Idade Média, principalmente entre os adeptos de religiões pagãs, era plantado um pé de sabugueiro na frente de casa para impedir a entrada do mal. Da mesma forma, próximo às sepulturas nos cemitérios, com o objetivo de proteger os mortos.

8 — Na fase do Brasil colonial, as mulheres, por herança da sabedoria popular de indígenas, africanos e europeus, acreditavam que colher folhas de sabugueiro na manhã do Dia de São João livraria a casa de enfermidades, pois à planta eram atribuídos poderes não só curativos, mas também místicos.

9 — O sabugueiro inspira a ampliar a consciência e o conhecimento, avançando no tempo-espaço, uma vez que suas espécies botânicas estão presentes em praticamente todo o globo terrestre.

10 — Estimula a se adaptar às mudanças e a enfrentar as adversidades, uma vez que tem se ajustado a várias condições geográficas há milhares de anos.

11 — O sabugueiro-do-brasil desperta para a importância de valorizar as coisas da terra, as tradições e a sabedoria ancestral, que constituem o capital intelectual do país e fortalecem a construção da identidade, dos valores primordiais, da espiritualidade e da essência do povo.

12 — Inspira a perceber a beleza e a perfeição da Criação na natureza, para a qual tudo está integrado, sob as leis de causa-efeito e de interdependência, com um propósito que converge para uma unidade.

O sabugueiro na saúde

Conforme abordado no tópico anterior, os benefícios do sabugueiro na espiritualidade tornam esta planta significativa para favorecer a conexão de uma pessoa com suas crenças e com seus sentimentos e pensamentos sobre a natureza, a vida, a Humanidade e o Sagrado.

Mas o significado do sabugueiro na saúde amplia a importância desta planta no cotidiano de diversas sociedades, ainda que elas não tenham plena consciência sobre esse fato. Há milhares de anos, ela é conhecida por seus efeitos terapêuticos e pelas influências que indiretamente exerce no meio ambiente, apoiando a sobrevivência dos seres vivos.

E os benefícios do sabugueiro na saúde foram demonstrados empiricamente e por meio de estudos científicos. Desta forma, comprovou-se que a planta promove bem-estar, previne algumas doenças e apoia a recuperação de pessoas com enfermidades em curso. Ela representa potencial na manutenção do bem-estar físico e mental. Acompanhe:

1 — O extrato de sabugueiro ajuda a reduzir significativamente os sintomas de gripe, febre, dor de cabeça, congestão nasal e dores musculares, uma vez que possui vitamina C, flavonoides e antocianinas.

2 — Ainda que sejam necessários mais dados, o sabugueiro representa potencial no desenvolvimento de medicamentos para combate à obesidade, uma vez que contém ácido ursólico e ácido oleanólico, com efeito significativo na redução de peso corporal, de adiposidade visceral, de glicemia e de lipídeos.

3 — O extrato etanólico das folhas e das flores de sabugueiro apresenta atividade antiprotozoária contra a espécie Plasmodium falciparum, parasita que causa a forma mais perigosa da malária, uma vez que contém ácido ursólico.

4 — O sabugueiro possui atividade antioxidante, protegendo o organismo contra o estresse oxidativo e influenciando positivamente a saúde de órgãos internos dos sistemas cardiovascular, neurológico e imunológico, a pele e os cabelos, devido conter compostos químicos como terpenos, entre eles o ácido ursólico e antocianinas.

5 — Embora as pesquisas tenham sido conduzidas com camundongos, o extrato de sabugueiro apresenta atividade antidepressiva, sendo um recurso natural e mais acessível para promover saúde mental. Contudo não foram identificadas as substâncias fitoquímicas que efetivamente contribuem para isso.

6 — O extrato etanólico de partes aéreas de sabugueiro pode ser utilizado no desenvolvimento de fármacos antibacterianos contra Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Shigella flexneri, que causam doenças variadas no sistema respiratório, digestivo e urinário, pois contém ácido ursólico e derivados.

7 — O chá de sabugueiro, tanto no uso oral quanto tópico, com doses e frequência de consumo orientados por um médico herbalista ou por um fitoterapeuta, auxilia no tratamento de diversas enfermidades com ação anti-inflamatória, uma vez que possui vários compostos químicos, entre eles ácidos fenólicos e flavonoides, principalmente rutina, quercetina e canferol.

8 — A planta sabugueiro, a partir de várias preparações, protege o sistema imunológico, pois contém, entre outros compostos, vitaminas A, B e C e antocianinas.

9 — O sabugueiro tem potencial para o desenvolvimento de suplementos alimentares, por conter uma grande variedade de nutrientes, entre eles vitaminas A, B1, B2, B6, B9, C e E e sais minerais, como ferro, cálcio, potássio, manganês e zinco, carotenoides, fitoesterois e polifenois.

10 — O extrato etanólico das folhas e das cascas do tronco de sabugueiro apresenta atividade antibacteriana contra a Salmonella typhimurium, que causa náuseas, vômitos, diarreia, dores abdominais, de cabeça, febre e desidratação. Também contra a Klebsiella pneumoniae, responsável por infecções hospitalares, de feridas e do aparelho urinário, principalmente em pacientes imunodeprimidos.

11 — As folhas de sabugueiro, por meio do extrato etanólico, demonstram atividade carrapaticida (in vitro) contra a espécie Rhipicephalus microplus (de bovinos), devido à presença de fitoquímicos como canferol e ácido clorogênico, ácido gálico, ácido cafeico e ácido elágico, rutina e outras substâncias.

12 — O extrato de sabugueiro, especificamente o hidroalcoólico obtido das folhas da planta, análogo à tintura na medicina caseira, demonstrou (in vitro) ação contra Pediculus humanus capitis, o piolho, uma vez que possui alcaloides e esteroides com ação inseticida.

Sabugueiro: onde e como usar

Flor de sabugueiro

O uso que se faz das plantas varia muito, de acordo com o que se conhece sobre elas, e está associado aos benefícios que elas podem proporcionar.

O sabugueiro, enquanto planta milenar, além de ter agregado conhecimentos empíricos da medicina caseira de muitas civilizações, vem motivando estudos científicos, ampliando sua utilidade no cotidiano.

Reconhecidamente, é uma planta paisagística, com floração exuberante, por produzir sombra, favorecer a vida de insetos como abelhas melíferas e atrair pássaros que se alimentam de seus frutos ricos em fitonutrientes.

O pé de sabugueiro é resistente e pode ser cultivado diretamente no solo, para formar cercas-vivas, ou em vaso. Ele promove um visual atrativo e exige pouca manutenção.

A madeira de sabugueiro não é muito viável à fabricação de móveis, mas tem utilidade como lenha e na construção civil. Os galhos da planta, sob fricção, podem produzir fogo. Ainda, por serem ocos, eles são utilizados na confecção de cachimbos e apitos.

Os cachos florais podem ser cortados e desidratados ou acondicionados em vasos para decorar ambientes. Eles ainda são empregados sozinhos ou com outras flores em buquês para finalidades variadas, já que ficam muito perfumados.

Na culinária de alguns locais do mundo, desde que cultivados de modo orgânico, os cachos florais são utilizados para preparar empanadas doces. As flores são empregadas em picolés e espumantes. Os frutos rendem geleias, compotas e outras iguarias.

Ainda quanto ao uso alimentar, os frutos do sabugueiro não devem ser ingeridos quando estão verdes ou sem cozimento, pois podem causar um efeito laxativo acentuado. Eles são matéria-prima de bebidas alcoólicas e de xaropes. Também são usados em recheios de tortas, pastéis e podem ser empregados com maçãs ou sozinhos em molhos que acompanham carnes.

No uso medicinal, o chá de sabugueiro é uma das preparações mais comuns. Ele é produzido a partir das flores secas, por meio de infusão para consumo como bebida ou por decocção, para emprego tópico.

Mas chá de sabugueiro para que serve? Esta bebida, que aproveita substâncias químicas da planta benéficas para a saúde, é amplamente usada para tratar gripes, resfriados, tosses e rinites. Também como expectorante. E na forma de vaporização, para desobstruir as vias aéreas.

Preparar o chá de sabugueiro para uso oral é simples, mas é essencial utilizar as flores da planta com cultivo orgânico. Neste caso, adicione 1 colher (sopa) de flores secas de sabugueiro em 1 xícara (240 ml) de água fervente, já com o fogo desligado. Deixe em repouso, sem tampa, durante cerca de 15 minutos. Coe e beba, aproveitando o momento para mentalizar cura, boas emoções, coisas pelas quais sentir gratidão e para se conectar com as próprias qualidades pessoais de paz e de equilíbrio.

No caso de preparar uma solução para gargarejo, utilize a mesma proporção, porém adicione as flores à água fria e leve ao fogo para cozinhar, deixando 5 minutos após levantar fervura. Desligue a chama, tampe e deixe esfriar. Utilize o líquido, mas não engula.

Esse mesmo chá de sabugueiro pode servir como enxaguante bucal para aliviar as dores decorrentes de aftas e igualmente deve ser expelido da boca após o uso. Em compressas, alivia dores, edemas e ulcerações cutâneas.

Principalmente as decocções com flores e folhas da planta podem ser usadas em banhos de assento ou de corpo inteiro. E se agora despertou a curiosidade de saber sobre o banho de sabugueiro para que serve, além de proteger contra energias densas e pouco elevadas, saiba que ele é benéfico para tratar das pápulas decorrentes de catapora. Também para aliviar pruridos e minimizar a vermelhidão causada pelo sarampo.

O banho de sabugueiro é feito com 2 litros de água e 1 xícara (150 ml) de flores secas da planta. Leve ao fogo e deixe levantar fervura. Após mais 5 minutos cozinhando, desligue a chama, tampe, deixe amornar, coe e descarte a sobra preferencialmente na terra. Utilize a solução depois do banho de higiene. Ele pode ser jogado sobre a cabeça, mas não deve ser engolido.

As cascas e as raízes de sabugueiro são laxantes e, em alguns locais, são empregadas na preparação de chás. Entretanto estas partes contém fitoquímicos que podem ocasionar efeitos tóxicos, então seu uso deve ser indicado e orientado por um médico herbalista ou por um especialista em plantas medicinais.

As folhas da planta, juntamente com as flores, podem ser maceradas e utilizadas em emplastros para eliminar dores musculares, reumáticas e outras, bem como para tratar afecções cutâneas.

Na cosmética, as flores da planta são conhecidas pela propriedade de clarear, tonificar e amaciar a pele, promovendo uma aparência descansada. Para essa finalidade, pode ser preparado um chá de sabugueiro (aplicado como loção) ou um creme que pode prevenir rugas e linhas de expressão.

O creme cosmético de sabugueiro pode ser preparado em casa da seguinte forma: coloque numa panela esmaltada 4 colheres (sopa) de vaselina em pasta e dois punhados generosos de flores frescas da planta, já macerados. Leve ao fogo brando até derreter a pasta. Mantenha durante 15 minutos em cocção, misturando sempre. Retire da chama toda vez que borbulhar. Passe por peneira, coloque o conteúdo num pote esterilizado e com tampa hermética. Deixe esfriar e leve à geladeira.

Muitas indústrias farmacêuticas, cosméticas, alimentícias, de tintas e corantes e domissanitárias do mundo todo registraram produtos que têm o sabugueiro como matéria-prima. Entre eles têm destaque alguns medicamentos, pomadas e inseticidas.

Aliás, as folhas da planta são usadas para afastar mosquitos e para proteger a horta de insetos e pragas. Por meio de decocção, é preparado um chá forte com elas, que deve ser borrifado no ar, nos ambientes e no entorno das hortaliças. É por um bom motivo que o pé de sabugueiro é cultivado próximo a hortas, pomares e cultivos agrícolas.

Há formulações comerciais de xarope de sabugueiro para tratar problemas do sistema respiratório, aliviar tosses e expectorar. Também são encontradas cápsulas e vários tipos de embalagens com flores secas para chás.

É possível adquirir a tintura de sabugueiro, com indicação de uso na bula do produto. Ela apresenta efeito mucolítico. Porém, apesar dessa facilidade, um especialista em fitoterapia deve ser consultado.

O extrato de sabugueiro é outro produto que já se encontra à venda. Ele tem a espécie Sambucus nigra como matéria-prima, sendo indicado como anti-inflamatório, antiviral e antioxidante natural.

Identifique cinco sinais de renascimento espiritual

A essência floral formulada com flores de sabugueiro é outra preparação que pode ser encontrada na internet, em lojas de produtos naturais e em grandes redes de farmácias, principalmente aquelas voltadas à fitoterapia. Ele é indicado como auxiliar no reconhecimento da força interior, na recuperação de bloqueios emocionais e para elevar a autoconfiança. Também para despertar autoestima e favorecer a reflexão sobre autoimagem.

Porém, sobre o sabugueiro onde encontrar? Depende dos produtos que se está buscando. Chás, extratos, xaropes, tinturas, cápsulas, suplementos, pastilhas, pomadas, cremes, sprays, florais e outros são encontrados em sites na internet e em lojas de produtos naturais e fitoterápicos, bem como em grandes redes farmacêuticas.

Contudo é importante considerar que as folhas, os caules, as flores, os frutos e as raízes da planta não devem ser consumidos crus. Além disso, um médico herbalista ou um especialista da área é quem deve recomendar a melhor forma de utilizar a planta, qualquer que seja a finalidade em que ela será empregada.

Contraindicações e efeitos colaterais do sabugueiro

Fruta salgueiro

O sabugueiro é uma destas plantas com várias utilidades e que traz muitos benefícios, principalmente porque contém compostos químicos que agem de diferentes formas no organismo humano.

Mas como todas as espécies da flora, ele tanto pode produzir os resultados esperados em relação ao uso como pode provocar efeitos indesejados, que, inclusive, podem ser perigosos. Nesse sentido, é fundamental considerar:

1 — As folhas, as cascas e os frutos verdes do sabugueiro são tóxicos. Eles contêm sambunigrina, um glicosídeo cianogênico e, por isso, não devem ser consumidas cruas.

2 — Folhas, cascas e ramos de sabugueiro não devem ser utilizados na culinária.

3 — As sementes do sabugueiro não devem ser consumidas como alimento, pois contêm lectinas, que podem causar problemas estomacais de leves a graves.

4 — Deve ser evitado o consumo de suco de frutos frescos de sabugueiro. A espécie Sambucus mexicana, por exemplo, pode causar náuseas, vômitos, tontura, fraqueza, dormência e letargia em pessoas.

5 — A dose excessiva de chás, extratos, tinturas e xaropes de sabugueiro pode provocar distúrbios estomacais e intestinais. Por isso é importante a orientação de um especialista.

6 — É fundamental identificar assertivamente a espécie de sabugueiro a ter uso oral, uma vez que variedades diferentes da Sambucus nigra e da Sambucus australis podem ser mais tóxicas.

7 — Crianças e mulheres gestantes ou lactantes só devem consumir chás e outras preparações com sabugueiro sob prescrição e acompanhamento médico. Não há relatos sobre efeitos colaterais, mas também são insuficientes os dados sobre a segurança deste uso por estes grupos.

Como plantar e cuidar do sabugueiro

Beleza, sombra, pássaros, aroma, conexão espiritual, pouca manutenção e benefícios à saúde são alguns motivos para cultivar o sabugueiro em casa.

É uma planta resistente a geadas de até 4 graus Celsius e que se desenvolve bem mesmo que não haja alta umidade relativa do ar. Adapta-se a solos variados, mas prefere os mais úmidos, bem drenados e ricos em matéria orgânica. Cresce tanto em ambiente sombreado como naqueles recebem sol pleno.

O sabugueiro pode ser cultivado a partir de estacas (o mais comum) ou de sementes (mais demorado para brotar), em temperaturas que variam de 10 a 30 graus Celsius. Acompanhe a seguir como plantar sabugueiro em vaso, por meio de sementes e com manejo orgânico:

1 — Considere que a semeadura deverá ocorrer preferencialmente na primavera.

2 — Adquira as sementes de um bom fornecedor, solicitando-as pelo nome científico da espécie, de modo a garantir a planta desejada. Neste artigo, o destaque é para a Sambucus australis, que é nacional.

3 — Escolha um vaso grande, preferencialmente de cerca de 50 cm de profundidade por 40 cm de diâmetro, com orifício no fundo. Nele, o plantio será feito de forma definitiva. Posicione-o em local sombreado, mas que receba luz solar pelo menos durante 5 horas diárias.

4 — Evite remover o vaso. Mas se o local em que você mora estiver sujeito a intempéries severas e, eventualmente, haja a necessidade de deslocar a planta para protegê-la, opte por colocar o vaso sobre um estrado com rodas.

5 — Adicione brita ou caco de telha no fundo do vaso, o que permitirá a drenagem da água.

6 — Encha o vaso até 1 cm antes da borda com uma mistura na mesma proporção de areia de rio, de terra de jardim e de matéria orgânica, que pode ser esterco bovino bem curtido. Reserve uma quantidade suficiente para posteriormente cobrir a superfície. Evite compactar o solo, que deverá permanecer fofo.

7 — Lave de três a cinco sementes sobre uma peneira em água corrente por alguns segundos.

8 — Deposite as sementes bem no centro do vaso, sem afundá-las no solo. Cubra toda a superfície com o restante da mistura de terra, fazendo uma camada fina.

9 — Umedeça o solo e mantenha o vaso sob luz natural. Se preferir, cubra a superfície com um plástico, retirando-o sempre que a rega for necessária.

10 — Faça regas frequentes. O sabugueiro gosta de solo úmido e as raízes ficam próximas à superfície. Portanto elas não devem sofrer carência de água. Efetue o teste do indicador para verificar a real necessidade de irrigação. Se o solo estiver seco, use um regador para umedecê-lo e cubra o vaso com plástico novamente. A brotação deverá ocorrer por volta de 45 dias da semeadura.

11 — Assim que surgirem os brotos, retire o plástico definitivamente. Mantenha no vaso somente o broto mais vigoroso. Retire os demais com cuidado e descarte.

12 — Mantenha a atenção às variações bruscas de temperatura. Embora o sabugueiro seja resistente a geadas, proteja a planta enquanto ela estiver em fase de desenvolvimento. Quando cultivada por meio de sementes, em local ensolarado, ela deve levar de 5 a 6 meses para chegar a 40 cm. Mas para florescer, chega a demorar cerca de 8 meses.

13 — Faça fertilização pelo menos uma vez ao ano, de preferência na primavera. Utilize cascas quebradas de ovos, cinzas ou esterco bovino curtido. Embora o sabugueiro se desenvolva bem sem ela, a planta será mais vigorosa com esse procedimento.

14 — Elimine ervas daninhas ou outras plantas que estejam crescendo na superfície do vaso. Elas concorrem por nutrientes com o sabugueiro e podem prejudicar as raízes.

15 — Eventualmente exponha a planta à chuva. Ela gosta de climas temperados e subtropicais, com precipitações moderadas.

16 — Atente-se para o ataque de pragas como pulgões, cochonilhas, broca do sabugueiro e escama. Observe as folhas amareladas e sem vigor e corte-as com uso de uma tesoura de jardinagem esterilizada.

17 — Eventualmente pulverize as folhas de sabugueiro com uma solução de partes iguais de água, vinagre e detergente, preferencialmente no início da manhã.

18 — Realize podas após a frutificação, o que deverá ocorrer por volta de 3 a 4 anos do plantio. Elimine os ponteiros que já tiverem frutificado, os galhos desordenados, secos ou doentes.

19 — Colha as flores e pendure-as pelos ramos num varal, em local bem ventilado e à sombra, para que elas desidratem. Evite lavá-las, mas elimine sujidades ou insetos que estejam embrenhados nos ramos. Para isso, use um secador de cabelos, se necessário.

20 — Guarde as flores secas num pote bem fechado e ao abrigo da luz. Elas são suscetíveis à umidade e podem embolorar.

21 — Na época da frutificação, aproveite para retirar as sementes, lave-as em água corrente sobre uma peneira e seque com um papel toalha. Mantenha-as por algumas horas sob ventilação e guarde-as num pote de vidro bem tampado, em local ao abrigo da luz e fora do alcance de crianças.

Mitos e verdades sobre o sabugueiro

Principalmente as plantas milenares, com ampla abrangência geográfica e que contempla várias espécies, estão sujeitas a informações equivocadas sobre os usos e os benefícios que podem oferecer.

Ao mesmo tempo em que a transmissão de conhecimentos da sabedoria popular desperta o interesse em pesquisas científicas e fomenta elucidar ideias sobre elas, de certa forma contribui para que haja, entre muitas verdades, alguns mitos.

É necessário esclarecer essas divergências de modo a garantir a segurança no uso de fitoterápicos e fazer o conhecimento evoluir, ampliando a visão sobre a contribuição das plantas para a vida no planeta. Em relação ao sabugueiro, algumas considerações são essenciais. Veja:

1 — O chá de sabugueiro emagrece — Verdade — A planta possui pectina e fibras, que facilitam a digestão. Contém ácidos fenólicos, que promovem a diurese, reduzindo a retenção líquida, que ajuda a desinchar. Contudo ainda são necessárias pesquisas científicas envolvendo pessoas.

2 — Compotas preparadas com frutos de sabugueiro têm atividade galactagoga, elevando a produção de leite materno — Mito — Não há comprovação científica sobre o aumento na produção de leite por mulheres que amamentam e não há informações sobre a segurança no uso da planta para mulheres que amamentam.

3 — O sabugueiro é uma planta anticancerígena — Mito — Este efeito já foi demonstrado em relação às espécies Sambucus nigra e Sambucus canadensis, que possuem flavonoides, sesquiterpenos, fitoesteróis e glicosídeos monoterpenos. Porém não há pesquisas científicas que comprovem este resultado para o sabugueiro-do-brasil.

4 — Os frutos do sabugueiro são tóxicos para animais domésticos — Verdade — Eles contêm sambunigrina, um glicosídeo cianogênico que, ao ser decomposto por algumas enzimas do organismo, libera cianeto de hidrogênio, capaz de causar envenenamento.

5 — O chá de sabugueiro é bom para o bebê — Mito — Não há estudos científicos relacionados aos benefícios deste chá para bebês. Apesar dos fitonutrientes e dos compostos químicos importantes para a saúde, a bebida somente deve ser oferecida à criança se houver prescrição médica.

Agora que você conheceu o sabugueiro, pode perceber quanto esta planta é extraordinária. Ornamental, medicinal e com uso na gastronomia, ela é um símbolo de concretização, de revisão e de resgate de princípios elevados. Mas tão emblemática e atemporal quanto ela há outras no Oráculo Floral. Deixe-se contagiar pela magia de cada uma delas, acessando os link abaixo:

Confira também: